Introdução
O próximo ciclo de halving do Bitcoin, com pontos críticos esperados entre 2026 e 2028, tem estimulado uma evolução na maneira como instituições financeiras planejam exposição à cripto. Em vez de depender exclusivamente de ETFs à vista, bancos e gestores institucionais estão desenhando produtos estruturados e estratégias derivativas que visam rendimento, alavancagem e controle de risco.

Este artigo explora como essas estruturas funcionam, quais estratégias institucionais devem predominar no ciclo 2026–2028, e quais implicações isso traz para liquidez, volatilidade e participantes de mercado em 2025.
Contexto de mercado em 2025
Em 2025 o mercado de cripto segue ajustando-se ao halving de 2024 e à maior participação institucional observada nos últimos anos. A coexistência entre produtos à vista e instrumentos derivados tornou-se mais evidente. Reguladores em várias jurisdições continuam a definir normas para custódia, transparência e comercialização de ativos digitais, o que influencia como instituições estruturam ofertas ao cliente.
Além disso, variáveis macro — como políticas monetárias, liquidez global e apetite por risco — seguem determinantes para a alocação em ativos voláteis. Em um ambiente de taxas mais altas, por exemplo, a demanda por estruturas que ofereçam rendimento aparente tende a crescer, enquanto em ciclos de afrouxamento monetário estratégias de alavancagem podem ganhar espaço.
Por que estruturas derivativas estão ganhando espaço
Instituições que antes privilegiavam alocação direta em ETFs spot agora passam a oferecer produtos que replicam ou amplificam retornos sem transferir posse direta do ativo subjacente ao cliente final. Entre os motivos para essa migração estão:
- Eficiência de capital: contratos derivativos exigem menos capital upfront do que comprar e custodiar grandes quantidades de BTC.
- Perfil de risco/retorno customizável: é possível estruturar payoffs com barreiras, quartis de rendimento e condições de autocall.
- Distribuição a investidores sofisticados: notas estruturadas e variações de opções atraem clientes que buscam retorno ajustado por risco.
- Gestão ativa: bancos usam hedges dinâmicos e operações de mercado para administrar exposição e gerar rendimentos adicionais.
Exemplo típico de nota estruturada
Um exemplo observado no mercado é a emissão de notas vinculadas a um ETF à vista, com pagamentos condicionais a metas de preço e barreiras de perda. Características comuns:
- Pagamento fixo se o subjacente atingir um nível predeterminado até uma data (auto-call).
- Upside alavancado se o objetivo for alcançado em prazo maior (p.ex., 1,5× o retorno do ativo).
- Barreira de queda que, se ultrapassada, pode resultar em perda parcial ou total do principal.
Essas estruturas são essencialmente contratos derivativos embalados em veículo de dívida, projetados para investidores que buscam rendimento com exposição assimétrica ao Bitcoin.
Como as instituições vão negociar no ciclo 2026–2028
No ciclo 2026–2028 as instituições tendem a combinar várias ferramentas para equilibrar oportunidade e risco. As estratégias principais incluem:
1. Notas estruturadas e produtos autocall
Notas com gatilhos temporais (autocall) e barreiras de capital oferecem pagamentos periódicos ou finais condicionados ao comportamento do subjacente. São atraentes para clientes que preferem um perfil de bolo-risco definido, mas exigem transparência sobre cenários de perda e eventos de barreira.
2. Swaps e contratos de desempenho
Contratos OTC de swap permitem que instituições exponham-se ao preço do BTC sem movimentar o ativo físico. Esses contratos são usados tanto para intermediar posições dos clientes quanto para criar produtos sintéticos para distribuição institucional.
3. Estruturas com opções (p.ex., vertical spreads e collar)
Operações com opções permitem criar payoffs com proteção de downside e alavancagem no upside. Estratégias comuns:
- Delta-hedging e gamma scalping para gerar receita de volatilidade.
- Collars para limitar perdas em troco de limitar ganhos.
- Calendar spreads para explorar mudanças na curva de volatilidade entre vencimentos.
4. Futuros, funding e basis trades
Futuros continuam sendo meca de liquidez, usados para ajustar exposição e arbitragem do basis entre mercados spot e futuros. Em ciclos próximos a halving, mudanças na oferta futura de BTC e no comportamento dos miners podem aumentar a volatilidade do basis, criando oportunidades de renda para atores com capital e tolerância a margem.
5. Gestão de risco por camadas
Instituições aplicam gestão de risco em múltiplas camadas: limites de exposição por cliente, stress tests, cenários de liquidez e mecanismos automáticos de hedge. A presença de barreiras e gatilhos exige modelagem de tail risk mais robusta do que em produtos à vista simples.
Impactos para o mercado e participantes menores
A crescente participação de derivativos estruturados tem implicações práticas:
- Maior complexidade de preço: spreads entre spot e produtos estruturados podem ampliar, exigindo maior sofisticação do investidor.
- Pressão de liquidez em eventos extremos: se muitos produtos tiverem barreiras próximas, movimentos de preço podem desencadear vendas em cascata.
- Ampliação da intermediação: mais capital institucional pode fluir via bancos e desks OTC, reduzindo a proporção de propriedade direta de BTC em custodians de varejo.
Riscos principais a considerar
Embora essas ferramentas ofereçam caminhos para retorno, os riscos são substanciais:
- Risco de perda do principal: estruturas com barreira podem resultar em perda total se a queda for acentuada.
- Risco de contraparte e liquidação: contratos OTC dependem da solvência e procedimentos de margin call das contrapartes.
- Risco de modelagem: precificação incorreta de volatilidade e correlação pode gerar perdas inesperadas em cenários extremos.
- Risco regulatório: mudanças nas regras de mercado e de custódia podem afetar custos e estruturas de venda/compra.
Como investidores institucionais gerenciam esses riscos
Para mitigar os perigos, gestores institucionais costumam adotar:
- Due diligence rigorosa em contrapartes e infra-estrutura de custódia.
- Stress tests que simulam quedas acentuadas no preço do ativo e restrições de liquidez.
- Uso de hedges dinâmicos e portfólios diversificados que combinam spot, futuros e opções.
- Cláusulas contratuais claras sobre eventos de crédito, marginamento e resolução de disputas.
O papel dos mercados de balcão e dos exchanges centralizadas
OTC desks, prime brokers e exchanges institucionalizadas desempenharão papel central. Exchange venues com liquidez profunda e infraestrutura de custódia regulamentada servem de base para execução de hedges e rolagem de posições. A interoperabilidade entre plataformas spot, futuros e derivativos será crucial para implementação eficiente das estratégias mencionadas.
O que isso significa para 2026–2028
Ao longo do ciclo de halving 2026–2028, espera-se:
- Maior sofisticação de produtos bancários e dos gestores para oferecer payoffs customizados.
- Adoção ampliada de derivativos por investidores que buscam rendimento e controle de risco sem posse direta do ativo.
- Maior necessidade de transparência e regulamentação sobre estruturação e distribuição desses produtos.
- Potencial aumento da volatilidade em momentos-chave, amplificado por gatilhos automáticos em produtos estruturados.
Conclusão
O ciclo de halving 2026–2028 tende a ser caracterizado por uma convivência entre exposição direta via ETFs/spot e exposição sintética via derivativos e notas estruturadas. Para instituições, o movimento representa oportunidade para oferecer soluções de rendimento e alavancagem; para investidores, exige maior atenção a detalhes contratuais, riscos de contraparte e à possibilidade de perdas abruptas em cenários de queda.
Em 2025 o mercado já deu sinais de transição: produtos complexos ganharam espaço e a arquitetura de trading institucional passou a incorporar ferramentas que antes eram exclusivas do mercado de ações e commodities. Preparação, governança e transparência serão determinantes para que essa transição beneficie tanto instituições quanto clientes finais.
Leitura adicional
Para investidores e profissionais interessados em implementar ou distribuir produtos vinculados a cripto, recomenda-se revisar políticas internas de risco, consultar assessoria jurídica especializada em ativos digitais e avaliar a capacidade operacional da contraparte antes de alocar capital.
Declaração de responsabilidade: Este conteúdo reúne informações disponíveis publicamente.
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