Durante a Blockchain Conference Brasil 2025, executivos da indústria reforçaram uma visão que vem ganhando força entre gestores institucionais: o Bitcoin deixou de ser apenas um ativo especulativo para ocupar um papel permanente no sistema financeiro global. Cristiano Castro, diretor de desenvolvimento de negócios da BlackRock, afirmou que “o Bitcoin veio para ficar” e explicou por que a gestora enxerga o ativo como parte integrante das carteiras e da infraestrutura financeira.

Mensagem central do painel
No painel “Alocação de ativos digitais: Remodelando o sistema financeiro e as carteiras de investimentos”, Castro apresentou uma linha do tempo da evolução dos ativos digitais, destacando marcos de adoção institucional, comparativos com ativos tradicionais e as tendências demográficas que influenciam a demanda. Segundo ele, a adoção não é apenas tecnológica, mas também cultural e institucional.
Castro ressaltou que a tokenização e a digitalização de ativos devem tornar mercados mais acessíveis e eficientes nos próximos anos. “Daqui a cinco anos, a tokenização terá avançado tanto que provavelmente as bolsas vão operar 24 horas por dia, sete dias por semana, e será possível comprar ativos digitais em qualquer lugar do mundo”, afirmou em sua apresentação.
Por que a BlackRock vê o Bitcoin como permanente
A avaliação da BlackRock apoia-se em alguns pilares principais:
- Adoção institucional: fluxos consistentes para produtos que oferecem exposição ao Bitcoin, incluindo fundos negociados em bolsa (ETFs) e soluções de custódia para investidores institucionais.
- Integração na infraestrutura financeira: crescimento de serviços que conectam ativos digitais às plataformas tradicionais de investimento e pagamentos.
- Mudança demográfica: gerações mais jovens adotam processos digitais e conservam preferências por ativos nativos da era digital.
- Desenvolvimentos regulatórios: avanços prudenciais que permitem produtos financeiros baseados em criptoativos com maiores garantias de conformidade e transparência.
ETFs de Bitcoin e impacto nas receitas
Em entrevista exclusiva ao Broadcast durante o evento, Castro disse que os ETFs de Bitcoin tornaram-se uma das maiores fontes de receita para a BlackRock na vertical de ativos digitais — um resultado que surpreendeu a própria gestora. O executivo lembrou que o produto chegou a se aproximar de US$ 100 bilhões em alocação, sinalizando a escala e o apetite institucional pelo ativo.
Esses fluxos reforçam a ideia de que, além da demanda de investidores de varejo, existe um componente estrutural de capital buscando exposição a ativos digitais por meio de veículos regulados. Para gestores de grande porte, os ETFs funcionam como uma ponte entre mercados tradicionais e o universo cripto, oferecendo liquidez, reporte e custódia alinhados às expectativas institucionais.
Tokenização: mercado 24/7 e novos modelos de liquidez
Um dos pontos centrais da fala de Castro foi a tokenização — o processo de transformar direitos sobre ativos reais em tokens digitais transferíveis em redes blockchain. A expectativa é que, com a tokenização em escala, mercados financeiros se tornem mais contínuos e acessíveis.
Principais mudanças previstas:
- Negociação contínua: bolsas e plataformas descentralizadas operando sem as restrições dos horários tradicionais;
- Fracionamento de ativos: facilitação do acesso a classes como imóveis, dívida privada e bens de alto valor através de frações tokenizadas;
- Maior interoperabilidade: integração entre custodiante, corretoras e infraestruturas de liquidação para acelerar o ciclo pós-negociação;
- Novas fontes de liquidez: pools de negociação automatizados e mercados secundários que aumentam eficiência de preço.
Contexto do mercado em 2025
O ambiente financeiro em 2025 reflete uma transição: após anos de experimentação, estruturas regulatórias mais claras e produtos institucionais amadurecidos ajudaram a reduzir parte da barreira de entrada para capital tradicional. Entre os fatores que moldam o mercado este ano destacam-se:
- Maior presença de ETFs cripto em carteiras institucionais e fundos soberanos, ampliando volumes e estabilidade relativa;
- Aceleração de projetos de tokenização de ativos reais por bancos e plataformas especializadas;
- Desenvolvimento de padrões de custódia e auditoria para ativos digitais, alinhando-se às exigências de compliance;
- Expansão das infraestruturas de liquidação que conectam mercados tradicionais a blocos de liquidez cripto;
- Reguladores globais delineando marcos para proteger investidores sem sufocar inovação — uma busca por equilíbrio que continua em 2025.
Riscos e pontos de atenção
Apesar do otimismo, especialistas e gestores também destacam riscos que persistem:
- Volatilidade: o Bitcoin segue sendo sensível a ciclos macroeconômicos e notícias específicas do setor;
- Risco regulatório: mudanças nas regras fiscais, de custódia ou de oferta podem afetar fluxos e preços;
- Infraestrutura: surpresas operacionais em sistemas de custódia ou liquidação poderiam interromper a confiança institucional;
- Concorrência tecnológica: alternativas de liquidez e mecanismos de mercado podem redistribuir participação entre players.
Implicações para investidores e exchanges
Para investidores, a mensagem principal é reconhecer uma nova classe de ativo que passou por validações institucionais e que agora convive com produtos regulados. Isso não elimina a necessidade de avaliação cuidadosa de risco, mas amplia as opções de alocação dentro de uma carteira diversificada.
Exchanges e plataformas de negociação devem se adaptar a uma demanda por produtos mais sofisticados e por serviços que atendam requisitos institucionais: custódia qualificada, relatórios regulatórios, monitoramento de risco e integração com infraestruturas tradicionais. A capacidade de oferecer tokenização, negociação 24/7 e ferramentas de compliance será diferencial competitivo em 2025 e anos seguintes.
O papel dos bancos centrais e seguradoras
Castro também mencionou a atenção de bancos centrais e seguradoras ao fenômeno do Bitcoin. Enquanto alguns atores estatais exploram moedas digitais de banco central (CBDCs) como complemento aos sistemas de pagamento, instituições financeiras privadas reavaliam exposição e provisões diante de novos perfis de risco.
O diálogo entre reguladores, gestores e provedores de tecnologia é determinante para criar padrões que permitam integrar ativos digitais sem comprometer estabilidade financeira. Em 2025, o progresso nessa frente tem sido incremental, com iniciativas-piloto e grupos de trabalho multilaterais buscando convergência.
O que esperar nos próximos anos
Com base nas tendências apresentadas e nas declarações durante a Blockchain Conference Brasil, as expectativas para o horizonte de curto a médio prazo incluem:
- Maior participação de produtos regulamentados (ETFs, fundos fechados) em carteiras institucionais;
- Amplitude crescente de ativos tokenizados além de cripto nativos, incluindo renda fixa e imóveis;
- Operação de mercados com jornadas estendidas, apoiadas por automação e interoperabilidade;
- Evolução das práticas de governança e auditoria aplicadas a blockchain e contratos inteligentes;
- Continuidade de volatilidade, porém com estruturas de proteção e liquidez mais robustas disponíveis ao investidor.
Conclusão
A posição pública da BlackRock, representada por Cristiano Castro na Blockchain Conference Brasil 2025, reforça uma narrativa de transição: o Bitcoin, e os ativos digitais em geral, deixam de ser uma curiosidade marginal para integrar sistemas e produtos financeiros convencionais. Ao mesmo tempo, a expansão de ETFs, o avanço da tokenização e o desenho regulatório em evolução em 2025 sugerem que a indústria está entrando em uma nova fase — de escala e profissionalização — ainda que permeada por desafios e riscos que exigem vigilância constante.
Para investidores, gestores e operadores de mercado, a recomendação implícita é se preparar para um ecossistema mais integrado e contínuo, ajustando governança, processos e tecnologia para tirar proveito das oportunidades sem negligenciar a gestão de risco.
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