Resumo do incidente
Um exploit direcionado ao token yETH da Yearn Finance resultou na criação massiva de unidades do token e no subsequente esvaziamento de liquidez em pools da Balancer. Relatórios on-chain e declarações da equipe da Yearn indicam que a vulnerabilidade esteve no contrato do token yETH e não nos cofres (Vaults) principais da plataforma.

O evento ocorreu no final de novembro de 2025 e, segundo análises preliminares, envolveu a emissão de quantidades extremamente elevadas de yETH em uma única transação, seguida pela conversão desses tokens em ativos reais, incluindo ETH e tokens de staking líquido (LSTs). Estimativas iniciais apontam para cerca de US$ 2,8 milhões em ativos drenados dos pools afetados.
Como o ataque foi realizado
Dados públicos da blockchain mostram a sequência típica de uma exploração por mint infinito:
- Implantação de contratos auxiliares minutos antes do incidente;
- Execução de uma transação que nonceou a função de mint do token yETH, criando trilhões de unidades;
- Troca imediata desses tokens em pools de liquidez da Balancer por ETH e LSTs;
- Uso de serviços de mistura on-chain para tentar ofuscar a trilha dos fundos.
Analistas on-chain reportaram que o invasor usufruiu de mecanismos de swap em pools com pouca profundidade, maximizando o impacto com menor contrapartida. Vários contratos auxiliares perderam atividade rapidamente e alguns foram autodestruídos, complicando a análise inicial.
Dimensão técnica
O vetor de ataque foi descrito como uma falha no contrato do token yETH que permitia emissão sem limites. Fontes on-chain estimaram que a transação de mint gerou na ordem de centenas de trilhões de unidades de yETH em um único bloco — volume que claramente não corresponde à economia esperada do token.
A Yearn afirmou publicamente que a implementação legada do yETH foi o escopo do problema, enquanto as versões dos cofres V2 e V3 permanecem não afetadas. Essa distinção técnica reduziu, em parte, o risco sistêmico para o ecossistema Yearn como um todo.
Movimentação dos fundos e tentativa de lavagem
Após a conversão dos yETH em ativos com valor real, o invasor realizou uma série de transfers on-chain. Relatórios indicam que aproximadamente 1.000 ETH foram enviados a um serviço de mistura amplamente identificado como Tornado Cash em janelas temporais próximas ao ataque. O uso desses serviços segue sendo um método comum para dificultar rastreamento, embora órgãos de fiscalização e exchanges tenham intensificado controles desde 2023.
Importante observar que a própria presença de transações envolvendo serviços de mistura não representa prova jurídica por si só — porém contribui para o mapeamento das trilhas de fundos durante investigações forenses.
Impacto no mercado e no token YFI
Curiosamente, a divulgação do evento inicialmente desencadeou um pânico que acabou virando um movimento de alta no preço do YFI. Em poucas horas, o token de governança da Yearn passou por uma reversão, subindo em meio a cobertura de posições vendidas e a uma liquidez reduzida no book.
Fatores que explicam a dinâmica de preço observada:
- Oferta circulante restrita do YFI, que tende a amplificar oscilações;
- Posições alavancadas vendidas sendo encerradas rapidamente após esclarecimentos sobre o escopo do ataque;
- Sentimento de mercado mitigado pela confirmação da não contaminação dos Vaults principais.
Movimentos como esse demonstram a sensibilidade dos ativos DeFi a eventos de segurança e à interpretação inicial das notícias. Em 2025 o mercado já apresenta maior maturidade, mas episódios de micro-iliquidez ainda podem gerar volatilidade acentuada.
Contexto de mercado em 2025
O ecossistema DeFi em 2025 opera sob uma conjuntura de maior vigilância regulatória e melhores práticas de auditoria, mas continua fragmentado. A adoção institucional cresceu ao longo dos últimos anos, elevando volumes em infraestruturas on-chain, enquanto protocolos legados conservam riscos técnicos que, se explorados, podem provocar danos localizados.
Alguns elementos do ambiente atual que influenciam incidentes como este:
- Ampliação do uso de Liquid Staking Tokens (LSTs) como componente de portfólios e estratégias de rendimento, tornando pools com LSTs alvos atraentes;
- Auditorias e programas de bug bounty mais frequentes, ainda que falhas de design em contratos antigos persistam;
- Maior coordenação entre exchanges, provedores de analytics on-chain e agências regulatórias para mitigar lavagem de ativos;
- Criação de seguros on-chain e soluções de recuperação de fundos que amadurecem, mas raramente cobrem 100% das perdas.
Reações da Yearn e próximos passos
A equipe da Yearn divulgou mensagens públicas confirmando a exploração e destacando que os Vaults V2 e V3 não foram comprometidos. A organização também mobilizou a comunidade e parceiros de segurança para investigar a fundo o incidente.
Possíveis ações esperadas nos próximos dias incluem:
- Auditoria forense on-chain continuada para rastrear os fluxos de fundos;
- Coordenação com plataformas de análise e, possivelmente, com autoridades competentes para tentar recuperar ativos ou identificar beneficiários;
- Discussões de governança sobre possíveis remediações técnicas e revisão de contratos legados;
- Atualização do protocolo para evitar re-exposição de vetores similares, com patches e, se necessário, migrações de contratos.
Historicamente, respostas rápidas e transparência na comunicação são cruciais para reduzir incertezas do mercado e proteger usuários. Em ambientes DeFi maduros como o de 2025, as comunidades frequentemente acionam teses de governança que podem autorizar medidas emergenciais quando há consenso sobre a melhor forma de mitigar danos.
O que usuários e provedores de liquidez devem fazer
Para provedores de liquidez (LPs) e usuários com posições em produtos relacionados, recomendações práticas imediatas incluem:
- Monitorar canais oficiais da Yearn para comunicados e instruções;
- Verificar exposição direta a pools afetados (no caso, pools yETH/Balancer) e considerar retirada de liquidez quando possível e seguro;
- Evitar interagir com contratos recém-implantados sem revisões independentes;
- Utilizar ferramentas de análise on-chain para checar se fundos próprios tiveram interação com endereços comprometidos;
- Reforçar práticas de segurança pessoal, como não reutilizar chaves e revisar aprovações de tokens em wallets.
Implicações para segurança de contratos e governança DeFi
O incidente reforça pontos já debatidos pela indústria:
- A importância de revisitar e, quando necessário, descontinuar contratos legados;
- Necessidade de testes formais e verificações adicionais em tokens que representem participação em produtos financeiros complexos;
- Maior integração entre auditorias, programas de recompensa por vulnerabilidade e esquemas de incentivo para disclosure responsável;
- Valorização de padrões de upgrade e controles de emissão bem definidos para evitar autorização indevida de mint.
Perspectiva e conclusão
Embora o montante drenado seja relevante para os pools afetados, a contenção do ataque ao yETH — com cofres V2 e V3 preservados — limita o impacto sistêmico imediato sobre a Yearn. Ainda assim, o episódio é um lembrete de que fragilidades técnicas em componentes legados podem causar perdas significativas e gerar ruído de mercado.
No horizonte de 2025, a indústria DeFi segue consolidando práticas que reduzem exposição a riscos similares, mas a coexistência de contratos antigos e novas estratégias de rendimento continua a exigir atenção constante de desenvolvedores, auditores e comunidades de governança.
As investigações seguem em curso. Usuários e LPs devem acompanhar comunicados oficiais e adotar medidas de proteção enquanto análises forenses on-chain evoluem e a Yearn apresenta suas próximas ações de remediação.
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